quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mais um lindo texto de Martha Medeiros

Recebi esse texto por email......achei simpelsmente lindo e mais linda ainda é a pessoa q me enviou!!!

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.... Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

Martha Medeiros - Jornalista e escritora

domingo, 15 de novembro de 2009

Por que a FELICIDADE parece estar longe de Nós???

Após anos de dificuldade, o rabino Eisik, filho de Yekel que morava na Cracóvia, recebeu em sonho uma ordem para procurar um tesouro na cidade de Praga (República Checa) debaixo de uma ponte que conduzia ao castelo real.
Como este sonho se repetiu três vezes, decidiu viajar para lá. A ponte era guardada dia e noite por guardas e, por isso, não tinha chances de cavar para encontrar o tesouro.
Contudo, andava pela ponte desde a manhã até o final de cada dia e, por isso, atraiu a atenção do chefe dos guardas que lhe perguntou:
- Está esperando alguém?
Eisik contou o sonho que teve e depois de ouvi-lo, em gargalhadas, o guarda respondeu:
- O quê? Pobre senhor! Foi por causa desse sonho que percorreu todo este caminho com esses sapatos velhos? Veja só! Até que ponto é possível confiar nos sonhos! Olhe para mim! Eu próprio já deveria ter seguido para Cracóvia na Polônia, para procurar um tesouro que estaria sob um fogão no quarto de um judeu chamado Eisik, filho de Yekel! Mas veja o tamanho do absurdo! Imagine a dificuldade para demolir metade das casas, em um lugar onde a maioria dos judeus tem o nome Eisik e a outra metade Yekel!
Terminou a frase, deu um tapa nas costas do rabino, e foi embora. Eisik curvou-se em sinal de agradecimento e regressou à Cracóvia. Ao chegar em casa, cavou debaixo do fogão e encontrou um tesouro. Em agradecimento, mandou construir uma sinagoga que tem seu nome até hoje.
Esta história ensina que não devemos buscar a felicidade no exterior e sim em nós mesmos.
Mas o que é felicidade? Ela indica um estado de perfeita satisfação íntima; um grande contentamento. Portanto, tanto eu como você temos a capacidade para sermos felizes e criadores. Não é um dom reservado a poucos. Por que, então, a grande maioria não conhece a felicidade? Por que alguns, apesar dos obstáculos terríveis que acontecem em suas vidas, se mostram felizes enquanto outros são extremamente abalados por situações muito menores? A resposta é simples. O ser humano é reduzido a um valor quantitativo, ou seja, somos avaliados pelo "ter" muito mais do que "ser" produzindo uma sensação infinita de vazio.
A mente pode se colocar em contato com aquilo que constitui a fonte de toda felicidade e esse contato pode ser mantido, a despeito da educação e das exigências da vida.
Os momentos de felicidade acontecem quando a mente ou o corpo estão no limite da sua capacidade, quando se realiza algo difícil que vale a pena e isto não tem referência com ter ou não dinheiro. O mesmo acontece com o amor. Você só encontrará sua cara-metade, quando for completo.
Não deixe que as dificuldades tomem conta da situação. Supere-as. Se jogarem pedras no seu caminho para bloquear sua passagem, retire-as. Transforme essas pedras em degraus de uma escadaria que você irá construir para uma vida repleta de vitórias.
A felicidade é um estado de espírito, diz o dito popular, é verdade. Nenhuma divindade ou ninguém pode ter prazer com a infelicidade, ao contrário; quanto mais a felicidade nos atinge, maior será a necessidade de participação com a natureza divina.
As pessoas não percebem que as melhores experiências acontecem em casa, junto aos familiares. Não é na mão de um estranho que somos felizes; não deposite cegamente a sua felicidade em qualquer um.
Mesmo quando estivermos iniciados em todos os segredos do mundo, o nosso tesouro sempre estará permanentemente pronto a ser desenterrado no chão onde está o fogão da nossa própria casa.
Portanto, desfaça ou afaste-se das coisas que faz com que você sofra; estude, se dedique a algo que vale a pena!
Reflita sobre a felicidade verdadeira e seja feliz.

Afinal........a Vida Segue e vc merece ser feliz!!

A Vida Segue...

De repente me deu uma vontade de escrever...nem sei exatamente o que, mas talvez consiga aqui expressar um pouco do que estou pensando e sentindo neste exato momento....

Muitas vezes achamos que nada faz sentido, que nada do que havíamos projetado conseguimos realizar. Claro, muitas coisas realizamos, mas nem tudo.
O que fazemos diante disso: primeiramente, pensamos em desistir e bate então uma sensação de frustração, de angustia, porem, dentro deste mundo de desilusões e desencantamentos, aparece sempre alguma coisa que nos devolve o animo, e nos faz enxergar que nem tudo esta perdido, que vale a pena prosseguir e então entendemos que a vida é assim mesmo e se olharmos com olhos de detetives, vemos que mtas coisas nós já realizamos e mesmo que não tenham saído do jeito que planejávamos, já foi um grande passo percorrido e que se não desanimarmos, falta pouco para alcançarmos o q esperamos.
Somos todos normais, somos todos suscetíveis a erros e acertos, a ânimos e desânimos, a alegrias e tristezas e mto mais.
Então........sigamos em frente, traçando metas, olhando com otimismo para o futuro e sempre enxergando aquela famosa luzinha ao fim do túnel, luz essa q mtas vezes julgamos inexistente.
Em especial, quero aqui agradecer meus amigos que mesmo distante estão presentes e me dão uma força incrível e me fazem sentir-me viva!!
Hoje recebi uma demonstração de carinho que me deixou pasma, comovida, radiante...enfim, me deixou muito feliz, feliz mesmo,não porque essa homenagem exaltou a minha beleza ( que cá entre nós...nem é tanto...!) mas porque através dessa homenagem pude me sentir viva e principalmente, sentir que sou importante, que sou querida...
A você querida pessoa MD, agradeço mto de coração e quero dize-lhe que vc é especial demais pra mim e pra todos aqueles que convivem com vc!!! Obrigada!!!
E vamos em frente...sempre...porque... A Vida Segue....

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A TRISTEZA PERMITIDA - Martha Medeiros

Hj me senti assim....me permiti ficar triste, chorar, repensar, sofrer...Mas amanhã é outro dia e a Vida Segue...

Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões - se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar a tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer "te anima" e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.
Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.
A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.
Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente - as razões têm essa mania de serem discretas.
"Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago de razão/ eu ando tão down..." Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. "Não quero te ver triste assim", sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor - até que venha a próxima, normais que somos.

Martha Medeiros [Pág 21, Doidas e Santas]

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O QUE QUER UMA MULHER... Martha Medeiros

"O que quer uma mulher" -
Um bebê nasce. O médico anuncia: é uma menina! A mãe da criança, então, se põe a sonhar com o dia em que a sua princesinha terá um namorado de olhos verdes e casará com ele, vivendo feliz para sempre.
A garotinha ainda nem mamou e já está condenada a dilacerar corações. Laçarotes, babados, contos de fadas: toda mulher carrega a síndrome de Walt Disney.
Até as mais modernas e cosmopolitas têm o sonho secreto de encontrar um príncipe encantado. Como não existe um Antonio Banderas para todas, nos conformamos com analistas de sistemas, gerentes de marketing, engenheiros mecânicos. Ou mecânicos de oficina mesmo, a situação não anda fácil. Serão eles desprezíveis? Que nada. São gentis, nos ajudam com as crianças, dão um duro danado no trabalho e têm o maior prazer em nos levar para jantar. São príncipes à sua maneira, e nós, cinderelas improvisadas, dizemos sim! sim! sim! diante do altar; mas, lá no fundo, a carência existencial herdada no berço jamais será preenchida.
Queremos ser resgatadas da torre do castelo. Queremos que o nosso pretendente enfrente dragões, bruxas, lobos selvagens. Queremos que ele sofra, que vare a noite atrás de nós, que faça tudo o que o José Mayer, o Marcelo Novaes e o Rodrigo Santoro fazem nas novelas.
Queremos ouvir "eu te amo" só no último capítulo, de preferência num saguão de aeroporto, quando ele chegará a tempo de nos impedir de embarcar.
O amor na vida real, no entanto, é bem menos arrebatador. "Eu te amo" virou uma frase tão romântica quanto "me passa o açúcar". Entre casais, é mais fácil ouvir eu "te amo" ao encerrar uma ligação telefônica do que ao vivo e a cores. E fazem isso depois de terem se
xingado por meia-hora. "Você vai chegar tarde de novo? Tenha a santa paciência, o que é que você tanto faz nesse escritório? Ontem foi a mesma coisa, que inferno! Eu é que não vou preparar o jantar para você às dez da noite, te vira. Tchau, também te amo." E batem o telefone possessos.
Sim, sabemos que a vida real não combina com cenas hollywoodianas.
Sabemos que há apenas meia dúzia de castelos no mundo, quase todos abertos à visitação de turistas. Sabemos que os príncipes, hoje, andam meio carecas, usam óculos e cultivam uma barriguinha de chope. Não são heróicos nem usam capa e espada, mas ao menos são de carne e osso, e a maioria tentaria nos resgatar de um prédio em chamas, caso a escada
magirus alcançasse o nosso andar. Não é nada, não é nada, mas já é alguma coisa.
Dificilmente um homem consegue corresponder à expectativa de uma mulher, mas vê-los tentar é comovente. Alguns mandam flores, reservam quarto em hotéizinhos secretos, surpreendem com presentes, passagens aéreas, convites inusitados. São inteligentes, charmosos, ousados, corajosos, batalhadores.
Disputam nosso amor como se estivessem numa guerra, e pra quê? Tudo o que recebem em troca é uma mulher que não pára de olhar pela janela, suspirando por algo que nem ela sabe direito o que é. .........
Perdoem esse nosso desvio cultural, rapazes. Nenhuma mulher se sente amada o suficiente.

Martha Medeiros.

AMORES APERTADOS - Martha Medeiros

Gosto muito deste texto...simplesmente.....diz tudo!!!

AMORES APERTADOS

Sabe aqueles banheiros mínimos, que quando um entra o outro tem que sair? Tem amores que parecem um banheiro apertado: só cabe um.
Ela ama o cara. Interessa-se pela sua vida, seu trabalho, seus estudos, seu esporte, seus amigos, sua família, enfim, ela está inteira na dele.
Ele, por sua vez, recebe isso de muito bom grado mas não retribui.
Não pergunta pelo trabalho dela, pelas angústias dela, por nada que lhe diga respeito.
Ela, obviamente, não gosta desta situação, mas vai levando, levando, levando, até
que um belo dia sua paciência se esgota e ela tira o time de campo. Aí ele entra.
De repente, como num passe de mágica, ele se dá conta de como ela é legal, de como ele tem sido distante, de como vai ser duro ficar sem a sua menina.
Então ele a torpedeia com e-mails e telefonemas carinhosos.
Mas ela é gata escaldada, não vai entrar nessa de novo.
Ele insiste. Quer vê-la, quer que ela entenda que ele é desse jeito tosco mesmo, mas que no fundo ela é a mulher da vida dele.
Ela é gata escaldada mas não é de gelo: então tá, vamos tentar de novo.
Ela entra com tudo.
Com a namorada resgatada, ele se isola novamente em seu próprio mundo, deixando-a conduzir tudo sozinha.
É ela quem o procura, é ela que o elogia, é ela que arma os programas, é ela que lembra das datas, é ela, tudo ela, só ela.
Quer saber: tô fora!
Aí ele entra. Pô, gata, prometo, juro, ó: vou cobrir você de carinho.
E não é que ele cumpre?
Passa a tratá-la como uma deusa, superatencioso, parece outro homem.
Ela aceita a deferência, mas não entra mais nesse jogo. Simplesmente não retribui o afeto dele, quase nunca telefona, sai com as amigas toda hora, e ele ali, no maior esforço.
Ela esnobando, ele tentando, ela se fazendo, ele se declarando. Até que ele enche: tô fora.
Aí ela entra. E ele esfria, e ela cai fora, e ele volta, e seguem neste entra-e-sai até o desgaste total.
Bom mesmo é amor em que cabem os dois juntos.

Martha Medeiros