sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CONTO DE FADAS...

Recebi esse texto hoje e achei muito interessante... pra falar a verdade, eu adorei...então estou compartilhando-o com todos que passam por aqui...Sei que muitas pessoas, bem no intimo ainda acreditam em contos de fadas...

Aos quinze anos, espera-se que o príncipe encantado venha montado num cavalo branco. Aos vinte, a exigência torna-se menor: o cavalo pode ser pardo. Aos vinte e cinco, admite-se a possibilidade de que o cavalo seja um pangaré. Aos trinta, o cavalo nem é mais necessário, pode vir num jegue mesmo!

É mais ou menos assim que as expectativas vão se acomodando dentro do coração da gente à medida que o tempo passa. Quanto maior o horizonte de possibilidades, maiores são as exigências que fazemos. Isso nos faz lembrar as palavras do filósofo francês Sartre: “A angústia nasce das possibilidades”.

Ter mais de uma opção faz que o coração se divida para exercer a escolha. É mais ou menos isso que o seu coração tão jovem experimenta quando ele tem que escolher alguém a quem você dedicará os seus afetos. E você não pode negar que, de alguma forma, você participa deste grande leilão de amores, onde prevalece a lei da oferta e da procura: às vezes, você se oferta; às vezes, você procura; outras, entra em liquidação. E assim vai.

É muito comum nos dias de hoje encontrar meninas e meninos que, aos 17 anos, já se sentem na liquidação. Passaram por inúmeros “proprietários” e, depois, foram devolvidos. Provaram a triste e dolorosa experiência de sentirem-se descartados como se fossem objetos de consumo que, depois de usados, são jogados fora.

O mito do amor romântico

Assim segue a vida, fortemente marcada pelos signos do amor romântico, onde mocinhas acorrentadas na torre ansiosamente esperam pelos príncipes que virão em seus poderosos cavalos brancos para libertá-las da condição de acorrentadas.

É interessante que, no mito do amor romântico, a força arrebatadora do amor sempre vence a altura das torres e os projetos ardilosos de maquiavélicas madrastas. O beijo final é a concretização feliz de um processo de luta e de busca que parece ser metáfora do sonho humano de, um dia, finalmente descansar nos braços de um amor eterno. É justamente por isso que essas histórias permanecem vivas no inconsciente coletivo, visto que expressam nosso desejo de ser personagens de conto de fadas.

Que seja eterno
Mas a vida é real e, por ser real, os cavalos não são tão brancos, os príncipes não são tão belos e as princesas têm frieiras nos dedos dos pés.

No momento em que percebemos a inadequação entre sonho e realidade, descobrimos que o amor que pensávamos que tínhamos pelo outro na verdade não passava de uma projeção de nossas carências e idealizações.

Não podemos nos esquecer de que o amor humano só é possível a partir da precariedade. Somos a mistura de qualidades e defeitos, de belezas e feiúras. O amor só é verdadeiramente consistente no dia em que descobrimos o que o outro tem de melhor e de pior. O problema é que, na projeção de nossas necessidades, cegamo-nos para o real, para o verdadeiramente possível.
Com isso, passamos a esperar o que não existe, o que não se dará justamente por estar fora do horizonte de nossas possibilidades.Portanto, o seu príncipe tão esperado até pode existir. E a sua princesa tão desejada pode até estar escondida em algum lugar, mas por favor, seja realista! É preciso baixar as expectativas. O amor da sua vida virá, mas não creio que seja tudo isso que você espera.

Cavalos brancos são muito raros nos dias de hoje. É mais fácil o seu príncipe chegar num fusquinha azul clarinho modelo 67.

E a sua princesa, até creio que ela esteja esperando por você, mas não que ela esteja numa torre, envolvida numa atmosfera de encanto. É mais provável encontrá-la atrás de um balcão de padaria ou até mesmo no caixa do supermercado mais próximo.

Mas não tem problema. Embora os moldes sejam diferentes dos contos de fadas, vocês também têm o direito de viverem felizes para sempre! .

(Padre Fabio de Melo)

Um comentário:

  1. O que almejamos é ser felizes e projetamos essa felicidade, na maioria das vezes, condicionada a um amor platônico. É essa idealização que nós faz acreditar num amor puro e verdadeiro, capaz de nos levar ao ápice da vida. Porém, quando nos deparamos com o mundo real percebemos que tudo não passa de uma quimera. Atualmente falar de amor tornou-se arcaico e quando esse vocábulo é utilizado diverge de seu verdadeiro significado. Na face dos novos relacionamentos a ordem é gozar a vida ao lado de vários “amores”. As pessoas permitem ser usadas como se fossem objetos e quando não mais saciam o desejo são imediatamente trocadas por outras. Permutam-se de parceiros como se tivessem mudando de roupa, às vezes muda-se menos de roupa. E quanto àqueles seres platônicos? Coitado destes, ou mudam de opinião ou terão que viver na eterna busca pela virgem dos lábios errantes. Não podemos deixar nossos sonhos serem lapidados por essa dura e cruel realidade, porém, precisamos nos adequar, moderadamente, a essa nova visão de relacionamento para que possamos ser felizes.

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